Gestação e medicamentos: falta orientação

Pesquisa da USP mostra que 60% das gestantes que utilizam medicamentos durante a gravidez não recebem informação sobre possíveis riscos da medicação para a saúde do feto.

Realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo/USP, o estudo com 699 mulheres com mais de 30 semanas de gestação, no interior de São Paulo, ressalta a necessidade de orientação adequada sobre medicamentos muito utilizados, como os receitados para cólicas, mas que não dispõem de estudos aprofundados sobre seus efeitos.
Durante a gestação, os medicamentos ingeridos pela mãe podem atravessar a placenta e provocar efeitos teratogênicos, como defeitos na formação do feto, afirma a farmacêutica Andrea Fontoura, que realizou a pesquisa. Todo medicamento é lançado após exaustivos testes clínicos com seres humanos, mas como eles não podem ser realizados em gestantes, seus efeitos deletérios são conhecidos apenas quando já estão no mercado — completa.
Das gestantes entrevistadas, 98% disseram usar pelo menos um tipo de princípio ativo, com um número médio de sete princípios ativos por gestante — uma das mulheres revelou que usava 34 medicações diferentes.
Embora 86,4% das gestantes usem medicamentos com prescrição médica, 60% não receberam nenhuma orientação sobre a medicação utilizada. De acordo com a pesquisa, essa disparidade acontece porque em muitos casos os medicamentos são apenas entregues pelo farmacêutico com a apresentação da receita.